a advogar autonomamente. Formar-se em direito era então
um verdadeiro prêmio, pois raros eram os cursos, e
todos de boa para alta qualidade. Em seguida, em 1962,
ingressou na carreira do magistério na UFPR. O primeiro
concurso, o de ingresso formal, é em 1966; seguiramse
outros, em 70, 76 e 81 (titular, com nota 9,90).
Hoje aposentado da Universidade, Dotti é um lamento
só: acha que a ditadura conseguiu o que queria, fragilizou
o magistério superior, retirou-lhe a importância ao
acabar com as faculdades, substituindo as congregações
pelos departamentos:
– O que temos hoje é um faz de conta que ensino, faz
Nota final no
concurso para
professor titular –
9,9.
em tom de amargura e sapiência de scholar que é o humanista
por excelência.
As influências e os grandes do direito
No tom de voz pausada, faz penetrante e rápida análise
dos temas que aborda; meticuloso, manuseia com
destreza ampla documentação que, de forma quase instantânea
e discretamente sua assessora Cláudia Penovich
lhe traz, como que para confirmar ou acentuar assertivas
do mestre. São documentos que saem de arquivos
de aço, da biblioteca, dos arquivos do PC ou das páginas
da Internet, ou chegam em cópias xérox que serão na
hora reproduzidas. Ou ainda em originais. Como que
chancelando a exposição do jurisconsulto.
Quando fala da Academia Paranaense de Letras, de
que é membro – e para cujas recentes posses de “imortais”
proferiu penetrantes saudações, como nas de Oriovisto
Guimarães e Belmiro Castor –, dá impressão de
fazer uma genuflexão mental.
Em seguida, puxa um assunto paralelo, o da posse de
Getúlio Vargas na Academia Brasileira de Letras (ABL),
um desses prêmios nunca justificados suficientemente,
e com o qual a Casa de Machado de Assis bajulou o condotière
de então. E entrega a seu interlocutor uma cópia
do discurso de posse de Vargas (talvez escrito pelo intelectual
Lourival Fontes, o homem do Departamento de