legendários da vida pública brasileira, fundador do
PT, militante católico de grande atuação, campeão também
da defesa dos direitos humanos – Hélio Bicudo.
Sempre que a imprensa esteve em perigo, como na era
Collor, Dotti reforçou a defesa do direito de informar do
jornalista. Deu parecer a favor de Otavio Frias Junior, da
Folha de São Paulo, acusado pelo presidente Fernando
Collor de crime de imprensa. Motivo: Frias denunciara a
existência de publicidade institucional sem licitação por
parte do Governo Federal (1991).
No átrio do Tribunal do Júri de Curitiba, a Associação
dos Magistrados do Paraná colocou, em 10 de dezembro
de 2008, uma placa de bronze com homenagem a Dotti.
Os adjetivos da placa grifam essa realidade do Direito
Penal brasileiro: “Pelos 50 anos de brilhante atividade
profissional e contribuição à cultura jurídica e ao aprimoramento
do Tribunal do Júri”.
Só naquele espaço do Tribunal do Júri, no Centro Cívico,
Dotti defendeu cerca de 100 processos. Em alguns
casos, advogado do acusado; em outros, em favor das vítimas.
Da Câmara de Curitiba, recebeu o “Prêmio Pablo Neruda”.
As peregrinações de René Dotti deixam pisadas da passagem
de um obstinado. São pegadas que ficam, além
de tantas já citadas, como no jornal “O Nicolau”, criado
por René para a Secretaria de Estado da Cultura, e que
ganhou ressonância no país. Foi um jornal de vanguarda
cultural entregue à direção do escritor Wilson Bueno;
ou no “Jornal de Cultura”, do Centro Acadêmico Hugo
Simas (CAHS), no qual, em 1956, Dotti foi secretário
de Redação, e o diretor de Redação, Sebastião França;
na publicação ia a fundo na abordagem de temas – como
o racismo nos Estados Unidos – ou a crítica à cola na
universidade, denúncia contra o trote universitário (já
naquele tempo) e declaração em defesa da liberdade de
convicção religiosa, filosófica e política...
Assim é René Ariel Dotti: um brasileiro com história (é
muito mais do que currículo) garantiu a entrada de muitos
na História do Brasil contemporâneo; assim como
frustrou carreiras e propostas arbitrárias (caso Collor)
com suas intervenções precisas nos tribunais.
No resto, ele só quer Pax et Bonum, a Paz e Bem de