Pois Dotti conseguiu absolvição de Requião na justiça
eleitoral (leia em boxe à página 227).
René é assim mesmo: firme, não transige no essencial.
Como elimina, diante de uma pergunta, qualquer
avaliação positiva – a menor que seja – dos militares do
ciclo 1964: “Nenhum deles prestou para o Brasil, foram
ditadores”.
Com a autoridade de um campeão de batalhas pelo
Estado de Direito, é taxativo em certos “não”.
Foi assim que respondeu recentemente, neste 2009
– com “não” – ao chefe de gabinete de um ministro de
Estado, que lhe pedia manifestação, em forma de artigo
para um determinado jornal, em favor da decisão governamental
de conceder asilo político ao italiano Cesare
Battisti, condenado por crimes de sangue na Itália.
Afinal, diz, nunca dará seu aval para transformar o ilícito
em lícito. Razão pela qual jamais concordou com
a tese do advogado e bispo, São Roberto Belarmino –
propter necessitatis illicitum efficitur licitum (“diante da
necessidade, pode-se transformar o ilícito em lícito”).
E igualmente descarta a alegada “necessidade” de
“ajudar a consolidar a democracia” com seu endosso à
solução dada ao caso Battisti. Porque a democracia pela
qual Dotti historicamente luta está acima de soluções
políticas, muito menos se sustenta em pareceres com
intenções mágicas e/ou panaceias. Pajelanças e prestação
de “serviços” dessa natureza não se incluem no
currículo de quem tem história de vida por zelar. E que
– sem ufanismos, pura realidade – está entre os atores
principais do Direito no País.