PRIMEIRA OPORTUNIDADE
No propósito de ser radialista, me aproximava também dos locutores de alto falantes e foi no Circo Irmãos Queirolo, então armado na Rua Saldanha Marinho com a Rua Visconde de Nácar, onde hoje tem um Largo e o início da Travessa Fernando Moreira e o Edifício Itália, onde meus amigos Edson Rulk Silva, que se tornou um dos melhores narradores de corridas de cavalos do Brasil e Ernani Santos Lima, que se tornou operador de som da Rádio Educativa, disseram ao Lourival Pereira e ao Harris Junior, que eu gostaria de ser locutor e me foi dada a chance de anunciar os espetáculos. Tomei gosto e todas as noites estava no circo como locutor da RCQ-1, Rádio Circo Queirolo. Mas, antes havia sido vendedor de refrescos, pipocas e outras guloseimas para entrar no circo de graça.
POLÍTICA
Tornei-me propagandista de rua com o serviço de altos falantes em carro volante e fui convidado a participar do Alto Falantes Paraná, do Pedro Ravanello, das Mercês e do Spam Som de Curitiba, de Sebastião Amorim, hoje com 99 anos e do Nico. Nos altos falantes me envolvi em política e participei de campanhas de Jorge Nassar, Maia Neto, Nelson Maculan e outros. Aroldi Armanstrong, um taxista, tinha um programa na Rádio Tingui, chamado a Voz do Motorista e me convidou a participar do mesmo. Foi o primeiro programa de rádio em que participei.
CIRCO E VIAGEM
Aos poucos fui me tornando conhecido como locutor de alto falante e eis que chega a Curitiba um grande circo e contrata o Serviço de Alto Falantes Paraná para fazer a sua divulgação. Fui indicado para o trabalho e o pessoal do circo gostou e me contratou para apresentar os espetáculos, já que seu locutor havia se transferido para outra companhia. Ao completar a temporada o proprietário me chamou e me fez a proposta de acompanhar o circo, que estava indo para Santa Catarina.
Garoto, 13 anos, cheio de sonhos e diante do dinheiro oferecido fiquei empolgado. Mesmo a contr papai e para a Nice avisando que eu estava de volta. À noite quando papai e Nice chegaram do trabalho foi outra festa e senti então que ali era o meu verdadeiro lugar. Dias depois papai me chamou e disse: “Já que você quer ser radialista, conversei com o Moacir Amaral, meu amigo de Ponta Grossa, diretor da B2 e pedi para ele lhe dar uma oportunidade e ele pediu que você o procurasse”.
Todo entusiasmado, mas tímido como sempre, vacilei e depois fui até a Barão do rio Branco e Seu agosto dos meus pais e também da minha irmã, embarquei na aventura. Após alguns meses as saudades apertaram e logo após receber o pagamento, numa segunda feira, comprei a passagem e retornei para casa. Estava em Rio Negrinho quando isto aconteceu.
Inclusive, ao dar entrevista na rádio local para divulgar o circo, fui convidado a trabalhar na emissora, mas estava mesmo a fim de voltar e assim o fiz. A rádio de Rio Negrinho foi a segunda emissora em que falei.
VOLTA E OPORTUNIDADE
Cheguei em casa de surpresa e fui recebido por mamãe com uma tremenda festa. Logo telefonou paraMoacir me atendeu muito bem. Falou-me: “Teu pai disse que gosta muito de futebol, então vou apresentá-lo ao pessoal do esporte que está chegando daqui a pouco”. Pediu que aguardasse e pouco depois chegou um senhor de óculos, risonho e brincalhão, cumprimentando a todos.
Seu Moacir o chamou e lhe falou: “Machado, este rapaz é filho de um amigo de infância e gostaria que lhe desse uma oportunidade para teste”. O Machado me olhou de cima abaixo e disse: “Você é um menino e aqui é a B2, a grande rádio do Paraná, mas se o homem está mandando vai fazer o teste”. Em seguida chamou um companheiro e me disse ser Alfredo Otto e que ele faria o teste comigo. O Alfredo me convidou e fomos para uma sala, onde estava um gravador grande e o Alfredo mandou que lesse um script de programa esportivo e o fiz conforme suas orientações: primeiro em velocidade, depois mais devagar e depois frase a frase com ele.