- "Nunca pretendi tanto. Mas ocupar funções que meu pai exerceu com zelo e dedicação foi mais do que um trabalho, uma missão" - recordou o professor Ernani Straube ao gravar seu depoimento para o projeto Memória Histórica do Paraná. Antes, entretanto, de chegar a direção do Colégio Estadual, Ernani Straube ocupou várias funções. Em 1956, como oficial de reserva, sendo farmacêutico e recém-casado foi convocado pelo coronel Osny Vasconcelos para integrar a 5ª Companhia de Fronteiras, em Guaíra - belíssima em sua natureza, mas na época longe da civilização. Ali, como um dos três oficiais, teve múltiplas funções - desde a de parteiro improvisado até programador do cinema em 16mm que, nas instalações do Quartel, era um dos poucos entretenimentos da tropa de 230 homens ali estacionada. Poderia ter feito carreira no Exército - seus colegas são hoje coronéis e generais, mas para voltar a Curitiba preferiu trocar o uniforme pela vida civil. Fez concurso para o magistério e entrou como perito da Polícia Técnica, cargos que exerceu até aposentar-se há poucos anos. Sem pretender funções maiores - ao contrário, recusando-se muitas vezes, sua dedicação e a confiança que granjeou de amigos como o hoje desembargador Eros Gradowski e Lauro Rego Barros, o levaram a ocupar a direção da Penitenciária Central do Estado, "num período em que não houve nenhuma rebelião, no máximo uma fuga de 4 presos, três dos quais recapturados em poucas horas". No magistério, acabou sendo convocado para a Inspetoria Regional de Curitiba que no início dos anos 60 atendia mais de 770 estabelecimentos de ensino próximos a Curitiba. Dali, "perdendo dinheiro, pois as funções eram melhor remuneradas", foi convocado por seu amigo Lauro do Rego Barros para ser o diretor geral da Secretaria da Educação e Cultura, de onde só saiu para substituir ao professor Eurico Back na direção do Colégio Estadual do Paraná. Sinceramente, Straube admite que viu "o início do fim do padrão de qualidade que fazia do Estadual um estabelecimento modelar". - A Lei de Diretrizes e bases, em sua segunda fase, dita profissionalizante, copiada dos Estados Unidos - onde já havia fracassado - trouxe uma atomização do ensino do Colégio Estadual, com uma queda brutal na qualidade. Só para dar um exemplo, o ensino de matérias fundamentais como física, química e biologia, que tinham uma carga de 15 horas por semana caiu para três. A decadência foi total. Um detalhe que poucos sabem: como radioamador apaixonado, Guido pensou na criação de uma estação de radioamadorismo para o Colégio Estadual do Paraná, em 1948 - quando estava em obras (que se estenderam por 7 anos, iniciadas na interventoria de Manoel Ribas e inauguradas por Moyses Lupion). Só que ao invés de uma modesta estação radioamadora, foram adquiridas - na administração do professor Adriano Rubine, dois equipamentos Bughton, que, dois anos depois, começariam a funcionar como Rádio do Colégio Estadual do Paraná, cuja história passa por várias etapas, das quais Straube, cuidadosamente, guarda preciosa documentação. A propósito, atualmente Ernani trabalha num volumoso livro sobre a história do Colégio Estadual do Paraná, que trará importantes informações. Infelizmente, o livro em breve fica pronto mas a questão é saber se haverá condições de editá-lo.Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Veiculo: Estado do Paraná
Caderno ou Suplemento: Almanaque
Coluna ou Seção: Tablóide
Página: 3
Data: 28/06/1990