Ao lado da música falando em John Lennon, composição de Paulo Hilário, que marcará sua estréia na Polygram, o cantor-locutor esportivo- advogado Dirceu Graeser deverá gravar também uma música que tem por tema a ecologia, de autoria de Sebastião Lima, vencedor num concurso nacional promovido pelo Mobral. Entre 280 músicas, a composição de Sebastião foi a classificada em primeiro lugar, para sua alegria.
Mineiro de Miraí, tal como Ataufo Alves (1909-1969), um de seus maiores amigos, Sebastião Lima, 63 anos, faz parte hoje do quotidiano paranaense, onde chegou em 1957. Ex-sargento da Escola de Oficiais Especialistas e Guardas, mas antes de tudo compositor popular, Sebastião viveu intensamente os anos 40 e parte da década de 50 no Rio de Janeiro. Em sua memória privilegiada estão deliciosas estórias dos bastidores da música brasileira, na época em que convivia no Café Nice, na Lapa e na Rádio Nacional com figuras como Ataufo, Francisco Alves, Wilson Baptista, Geraldo Pereira, Orlando Silva e tantos outros. Foi Bob Nelson (Nelson Roberto Perez, Campinas, 12/9/1918), que a partir de 1943 adotou o estilo de cantor tirolez acoplado ao cowboy americano (na linha de Gene Autry / Roy Rogers), quem interpretou os maiores sucessos de Sebastião - "Eu Tiro Leite", "Vida de Vaqueiro", "Vaqueiro de Jamba", que, em Curitiba, viram a ter no então "garoto prodígio" Braulio Prado (hoje o realizado gerente de comunicações da Telepar) o intérprete do "Clube Mirim M-5", que Aluízio Finzetto comandava no auditório da Guairacá, "a voz nativa da Terra dos Pinheirais".
Mas não foi apenas Bob Nelson - há mais de 20 anos afastado da vida artística, dedicando-se a profissão de caixeiro viajante no Nordeste - quem gravou músicas de Sebastião Lima: Trigêmeos Vocalistas ("Na Minha Terra é Assim"), Dircinha Baptista ("Marcha das Enfermeiras"), Carlos Galhardo ("Brasil, Brasil") Adelaide Chieze / Eliana Macedo ("Galinha D'Angola", "Meu Amor Partiu"), Linda Baptista ("Ai Não Posso Mais"), Alvarenga & Ranchinho ("Vida no Campo"), foram, entre outros, intérpretes de algumas das 68 músicas de Sebastião que chegaram ao 78 rpm anos 40/50.
Sem deixar de fazer seus sambas e marchas, Sebastião Lima vem dedicando-se nos últimos 10 anos a algo mais lucrativo: a criação de hinos municipalistas. Só para o Paraná já fez 186, alguns em parceria com a advogada poeta Vera Bargas. Para Santa Catarina ainda há muito trabalho: apenas Friburgo, Santa Cecília, Catanduvas, Lacerdópolis, Seara, Abelardo Luz e Videira ganharam hinos. "Os outros virão com o tempo", garante o bom Sebastião, capaz de encontrar rimas para os municípios mais estranhos.