Curitiba sem Paulo Chaves
Texto de ADHERBAL FORTES DE SÁ JUNIOR
No jornal diz que Paulo Chaves, 62 anos, morreu de enfarte.
Mentira. Morreu intoxicado pelo som harmonioso, oitavado, que fez o fundo musical de sua vida de músico, publicitário e homem de TV.
Em 1969, piá curitibano, andava pelo Santa Mônica, que era o clube da moda por causa do Joffre Cabral e dos bailinhos com o SamJazz Quintet – versão curitibana do Modern Tropical Quintet – quando o conjunto ficou sem crooner. Wilson Baldo não aguentou mais aquela vida de cantor da noite e caixa do Banco Nacional e pediu para sair. Deu um prazo curto para acharem substituto.
Hilton Alice, pianista e líder do grupo, talvez por ser o mais velho, chamou Paulo Chaves, que conhecia da jam sessions. Deu certo. Paulo foi crooner do grupo até 1975, quando desistiu para dedicar-se ao rádio, à televisão e à produtora.
Lembro com muita admiração seu trabalho como diretor da Radio Educativa do Paraná. Fazia um milagre por dia para manter a emissora no ar com música de bom gosto. Como a Educativa é até hoje um apêndice menor da máquina pública, havia deputado que ligava para o Requião pedindo um programa sertanejo para o sobrinho. Ou prefeito-pastor que exigia uma hora religiosa.
Curitiba deve muito ao talento e ao bom gosto de Paulo Chaves.
Clique para ouvir “Onde Ela Mora”, de Lapis, com uma das últimas formações do Samjazz: Hilton Alice, piano; Celio Malgueiro, guitarra; Nelson (baixo), Carlos Freiras, bateria; Paulo Chaves, vocal e ritmo.