abria espaço para que os alunos expusessem os objetivos
de suas vidas e suas ligações com a causa do Direito,
sobre como queriam construir o futuro...
Mas, de novo, o teatro é chamado “à lide”, para identificar
um dos momentos capitais da carreira do futuro
causídico de oratória refinada, professor e jurista: foi
com a vinda do Rio de Janeiro de um professor do antigo
Serviço Nacional de Teatro (SNT), 1953, para ensinar
dicção aos atores de teatro de Curitiba que se revela
nosso orador. Algo parecido com que ocorreu a Demóstenes,
excluídas as pedras na boca para os exercícios de
oratória...
O fonoaudiólogo fez o “milagre” de eliminar certos
momentos de gagueira de Dotti. E assim possibilitou
a explosão de talentos do ator – e orador – até então
contidos.
A introdução no mundo real do Direito e da Justiça
ocorre em 1958, levado que foi pelo criminalista Élio
Narezi, que o indica como estagiário no Ministério Público
estadual. Depois, entra para a grande “universidade”
da prática, como estagiário no escritório do criminalista
Salvador de Maio, um nome indissociável da história
da Tribuna do Júri no Paraná. Ao lado de Salvador, em
1959, insere-se num dos grandes momentos de Curitiba,
ao defender o “Turco”, na antológica “Guerra do
Pente”, cujo epicentro foi a Praça Tiradentes; foi uma
revolta de massa, com direito a toda sorte de desordem,
intervenção policial pesada, tanques do exército, repercussão
nacional. Tudo a pretexto de punir o comerciante
árabe da Praça Tiradentes que se negara a entregar a
um cliente nota fiscal válida para promoção “Seu talão
vale um milhão” realizada pela Secretaria Estadual da
Fazenda. No fundo, o que se viveu foi uma guerra civil
em miniatura.
Dotti e seu mestre Salvador de Maio conseguiram o
que parecia impossível diante do clamor público por punição
gerado pelos cidadãos revoltados: obtiveram da
Justiça direito à fiança para o comerciante libanês.
O cenário dessa entrada de Dotti no imenso proscênio
do Direito foi o edifício Azulay, na Rua Dr.Muricy, esquina
de Rua XV de Novembro.