Imprensa e Propaganda, DIP, o órgão federal encarregado
de fazer censura aos meios de comunicação). O original
foi por ele comprado num sebo carioca, onde jazia
esquecido. Trata-se de apenas uma das preciosidades
em forma de documentos que Dotti pode ir revelando,
como o prestidigitador que mesmeriza o interlocutor
curioso e ansioso por novidades.
Lê muito, preferência para obras de Direito, em português,
espanhol e italiano. A língua de Dante é o idioma
que maneja com mais frequência, depois do nosso. Mas
Com Eduardo Rocha
Virmond no jantar
de ex-jornalistas
do Diário do Paraná,
em 2005.
de conta que aprendo... – desabafa Dotti.
René imbui-se de uma espécie de ira santa, quando
aborda o fim da cátedra, instituição, e a cujo acesso
só se chegava mediante concursos difíceis. A cátedra
conferia prestígio político e social a seus titulares, e às
universidades, a oportunidade de exporem-se por meio
desses notáveis, uma elite.
A defesa de uma tese era acontecimento na cidade.
Com o fim da cátedra, “marginalizou-se a nobreza da
categoria do professor”.
“Com o fim das congregações e das faculdades, dividese
para reinar por meio de departamentos, uma violência
que amesquinha o valor do professor”, opina.
Nessa espécie de catarse, Dotti deixa registrada uma
pergunta capital: “Qual o papel que a universidade representa
hoje, na formulação das grandes linhas do pensamento
e ação que devem refletir na sociedade? Onde
encontrar a universidade presente nas fundamentais
questões contemporâneas, como o planejamento das
cidades, a segurança pública, a educação...”, questiona,
em tom de amargura e sapiência de scholar que é o humanista
por excelência.
As influências e os grandes do direito
No tom de voz pausada, faz penetrante e rápida análise
dos temas que aborda; meticuloso, manuseia com