René Dotti que, como outros cientistas do Direito, sabe
que justiça tardia vira injustiça.
Não lhe peçam que ofenda a consciência
Dotti não se altera, o tom de voz apenas se amplia
suavemente, com empolgações de orador que não deixa
escapar oportunidades, que pesa o impacto e o valor
semântico de cada palavra, quando faz a defesa oral de
suas teses. Ou quando, por exemplo, no dia 29 de março,
todos os anos, participa de um jantar muito significativo
para si e dezenas de amigos – a festa do “Aniversário do
Diário do Paraná”. É a reunião dos antigos companheiros
do DP, num dos restaurantes de Santa Felicidade, e
ele, o orador obrigatório, quase oficial.
Seu discurso, nessas ocasiões, é inventário afetivo
de uma época em que a mídia escrita realmente tinha
importância na sociedade brasileira. A fala é imersão
nos anos passados/recentes, até fazendo paralelo com
a realidade de hoje. Abordar os “atrasos” tecnológicos
daqueles dias do DP – como as máquinas linotipos e
suas usinas de chumbo –, soa como espécie de troféu.
Privilégio de poucos, compartilhado com gente especial,
como aqueles ouvintes do jantar, atentos, donos de
entusiasmados aplausos. É a reunião de muitas velhas
águias da imprensa curitibana. É quase uma espécie de
“ordem dos jornalistas veteranos”, para não dizer “velhos”,
este um adjetivo que encontra resistência no gru-
po para classificar aquele importante “arquivo humano”
da história recente do Estado.
O discurso de René é essencial, aguardado, virá com
revelações conservadas, muitas delas como espécie de
segredos de Estado ao longo dos anos. Como, por exemplo,
quando ele e Luiz Geraldo Mazza introduziram barbaridades
não declináveis na coluna de Dino Almeida,
o jamais superado colunista diário do chamado society
paranaense. E que foram publicadas, para desespero
do kaiser Adherbal Stresser, o presidente do Diários e
Emissoras Associados no Paraná, a que pertencia o “Diário
do Paraná”.
René nunca deixa de lembrar, num oportuno paralelismo,
o quanto Dino replicava, na pose e no estilo paradigmáticos,