INÍCIO E SALÁRIO
Começava a minha carreira de radialista. Dias depois Machado me escalou para participar do plantão esportivo, que era comandado pelo Alfredo Otto. Umas três semanas depois que estava na rádio, um dia o funcionário da recepção pediu que eu me apresentasse para Dona Ione, a chefe de pessoal. Fui para sua sala e ela perguntou: “Você é o José Domingos?” E respondi “Sim, Senhora”. Ela continuou: “Eu imaginava que fosse um senhor pelo tipo de voz e você é um menino ainda!” E em seguida disse ter recebido autorização de me contratar e que precisava apresentar a carteira profissional e como não tinha, fui fazê-la, bem como outros documentos. Assim, o meu primeiro emprego como registrado foi na B2, como locutor esportivo. No Utrabo não era registrado para poder ganhar um pouco mais.
ÓTIMO
Ao receber o primeiro salário, não acreditei e fiquei num entusiasmo só. Dava quase cinco vezes mais do que eu ganhava. Passados alguns meses uma nova experiência, Machado Neto me escalou para acompanhá-lo no jogo entre Água Verde e Seleto, no Estádio Orestes Thá e me colocou para transmitir alguns minutos do jogo. A partir daí passei a fazer postos de transmissões em jogos no interior. Viajava quase todos os finais de semana e aos poucos ia me soltando para narrar.
PARCEIRO
Tornei-me muito amigo do Alfredo e ele era também noticiarista e apresentador do Grande Jornal B2. Um dia me falou: “Zé Domingos, vai ser contratado mais um noticiarista e eu te indiquei para o Moacir Pereira, diretor do radio jornalismo, você topa?” Não deu outra, dias depois estava apresentando também noticiários e o jornal falado das 22h30 à meia noite e ganhando mais um salário. Estava com 15 anos, em 58, e trabalhando na grande B2, dos programas de auditório, onde se apresentavam cantores, cantoras, orquestras, conjuntos, do rádio teatro, dos programas humorísticos, das transmissões esportivas e eu em meio àquele mundo que me parecia fantástico. A felicidade era total.
EXÉRCITO
Aos 18 anos fui prestar serviço militar na 5ª Companhia de Comunicações, no Portão, e mesmo assim não me afastei da rádio e consegui contornar tudo, trabalhando só a noite. Quando estava de plantão no quartel o Alfredo me “quebrava o galho”. No quartel voltei a jogar futebol e o sargento Miranda, este mesmo que foi presidente do Paraná Clube, me levou para o Novo Mundo, do nosso futebol amador, onde fiquei por aproximadamente 8 meses. Futebol amador, que todos sabem ser admirador e que acompanho até hoje. Terminado meu tempo de serviço militar voltei de corpo e alma para a Rádio Clube Paranaense.
DUBLAGEM
Numa 4ª feira, em que não tinha expediente à tarde no quartel, logo após o almoço, fui para a rádio e fui informado que deveria fazer plantão à noite, quando haveria a transmissão do jogo entre as seleções de Santa Catarina e Paraná, em Florianópolis. Mario Vendramel narrava o jogo quando houve pane na transmissão, imediatamente eu sintonizo a Rádio Guarujá, de Florianópolis, e passei a dublar a transmissão, imaginando que seria logo restabelecido o contato com o Mario e isto não aconteceu. Assim, transmiti a partida até o seu final.
VITÓRIA
A seleção paranaense ganhou por 2 a 1. No dia seguinte, ao comparecer no quartel, fui chamado à sala do comando e lá o tenente Ivo chamou-me a atenção por ter viajado sem autorização. Expliquei que não tinha saído de Curitiba e que eu dublara a Emissora Catarinense. No que ele não acreditou, dizendo que a transmissão estava muito boa e só lamentou a derrota, por ser catarinense. Com o passar dos anos e a saída do exército, Ivo tornou-se grande amigo. No rádio, aplausos para a presença de espírito e atuação.