Fim da noite histórica e alegre, em torno da mesa farta do Bar Palácio, com o metalúrgico e o scholar dividindo a comum oposição aos militares, recorda Ernani.
Tão bem foi o Parcerias Impossíveis que Lerner, ao contrário de outros programas, o manteve pelos quatro anos daquele mandato.
E marcou época, com nomes como Fernando Gabeira; Grande Otelo, Ziraldo, João Saldanha, Ademil da Fonseca, Paulinho Nogueira... A vocação de administrador cultural foi mais adiante: conseguiu implantar o projeto longamente trabalhado pelo arquiteto Rafael Dely, de restauração da Confeitaria Schaffer [parte da história de Curitiba, hoje abriga mais uma loja de confecções]. A Feira Nacional de Humor levou também a assinatura de Ernani, uma reunião de celebridades como Ziraldo, Zélio, Millor, em exposições e debates sobre humor e charges como fontes de expressão e crítica social.
De Ernani há muito mais a observar. Como o fato de que, sendo cidadão do mundo, é primeiramente curitibano, fala mesmo o “curitibês”, e promete para 2007 mais crônicas, com o livro Bogart Curitibano.
E dele são as palavras finais, que tomo como adequadíssimas para melhor retrata-lo, encontradas à página 36 de Onde me doem os ossos:
— Somos pessoas recatadas. Longe de nós o exibicionismo, o desfrute, as maneiras arreganhadas. Isso não nos transforma, porém, em matutos, seres rudimentares a primar pela ausência de neurônios no trato das questões fundamentais à sobrevivência do intelecto. Basta que saibam nos abordar, solicitando, em modos educados, que os levemos aos bem guardados segredos da velha civilização curitibana. Desconhecer isto é fatal para quem vá se dedicar a nos desvendar.