Sexta-feira, aos 79 anos. Catarinense de Araranguá. Em decorrência de problemas renais e cardíacos.
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Walmor Marcelino
Richa lamenta morte de Walmor Marcellino
O prefeito Richa lamentou a morte do escritor, poeta, dramaturgo e jornalista Walmor Marcellino, nesta sexta-feira (25). "Walmor Marcelino defendeu de forma intransigente os princípios em que acreditava", disse o prefeito.
"Como intelectual, artista ou jornalista, Walmor foi um combatente da democracia. Especialmente nos anos de chumbo da ditadura militar, quando foi perseguido, preso e processado, exatamente porque defendia a liberdade", afirmou Richa.
O prefeito lembrou que Walmor Marcellino atuou como jornalista no governo de seu pai, José Richa, que marcou a redemocratização no Paraná. Marcelino foi autor e diretor de peças de teatro e escreveu ensaios históricos e políticos, além de trabalhar em vários jornais de Curit
Morreu, na manhã desta sexta-feira (25), o poeta, escritor e jornalista Walmor Marcellino, aos 79 anos de idade. Nascido em Araranguá, Santa Catarina, Marcelino destacou-se em Curitiba na militância contra a ditadura militar, a qual levou à frente entre as décadas de 1970 e 1980. Como jornalista trabalhou em diversos meios de comunicação, entre eles o jornal Gazeta do Povo. Casado duas vezes, Marcellino teve quatro filhos, um deles já falecido.
De acordo com nota divulgada pela Agência Estadual de Notícias, órgão de notícias do governo do estado, ele estava internado na Santa Casa de Misericórdia, na capital paranaense, com problemas renais e cardíacos. Seu corpo será velado a partir das 15 horas na capela 3 do Cemitério Municipal de Curitiba, no bairro São Francisco, e cremado no sábado (26), às 9 horas. Escritor com forte atuação política, publicou mais de 30 livros, entre poesia, ficção e textos de opinião. Na década de 1970, participou do Centro Popular de Cultura em Curitiba, e de grupos de teatro da Universidade Federal do Paraná. Sempre crítico à ditadura militar, chegou a ser preso político durante o regime.
Repercussão
Diversos amigos ex-colegas comentaram sua trajetória à agência de notícias do governo estadual. “Walmor Marcellino foi um militante persistente, que nunca se desviou de seu caminho. Alguns o chamavam de fundamentalista, mas eu sempre entendi suas atitudes como integridade”, declarou o governador Roberto Requião.
“Era um homem de extrema coragem e todos que lutaram pela democracia sabem o papel que teve este grande intelectual. Ele foi um dos responsáveis pela reorganização do movimento estudantil e sindical durante a ditadura militar e um grande orientador para minha geração”, disse o advogado Geraldo Serathiuk, que o conheceu na década de 1970, na Casa do Estudante.
“Ele era um dramaturgo, repórter policial de alto nível e um líder da resistência durante a ditadura militar. Apenas quem conviveu com ele sabe mensurar esta perda”, lamentou o jornalista Cícero Catani, que conviveu com Marcellino no início da década de 1960, na redação do jornal Última Hora. Segundo Catani, uma das grandes qualidades do escritor era a de transformar a redação em uma sala de aula. “Era um intelectual e um verdadeiro professor de jornalismo. O Paraná perde um dos seus maiores valores.”
O jornalista Luiz Geraldo Mazza, destacou a militância, tanto política quanto cultural de Marcelino. “Ele foi uma pessoa de firmeza e caráter, guerreiro que participou dos movimentos importantes do nosso Estado, e um dos grandes desencadeadores do desenvolvimento cultural”, contou.
“Sempre polêmico, nunca fez uma crítica não embasada, por isso, era respeitado mesmo por aqueles que tinham posições contrárias”, afirmou o poeta e escritor Ewaldo Schleder, que publicou um livro a quatro mãos com Marcellino.
O procurador-geral do Estado, Carlos Marés, era presidente do movimento estudantil quando conheceu o escritor, na época um intelectual ligado às causas dos estudantes. “Era muito respeitado, ele dirigia o Teatro do Estudante Universitário e eu ajudava na contra-regra. Era um grupo chamado de engajado, contra a ditadura e contra o capitalismo. Walmor teve uma vida muito coerente nas suas idéias e no modo de agir, isso só se vê no fim da vida.”
O jornalista Nego Pessoa comentou que as diferenças políticas entre os dois eram enormes. “Mas a nossa amizade era justamente pela ligação com a arte. Walmor era um grande conhecedor de poesia e amante do jazz”, contou. Nego Pessoa destacou os livros de poesia do amigo, segundo ele, a melhor produção de Marcellino.