Antes mesmo de se formar em jornalismo o senhor já trabalhava como jornalista. Por que escolheu essa profissão?
Foi coincidência. Eu era garoto e freqüentava a redação da "Folha do Norte", de Maringá, pois tinha dois irmãos que eram jornalistas na cidade. Ficava o dia inteiro lá e o Waldir Pinheiro, que era editor de esportes, me pedia para fazer uma notinha, um textinho. Daí, surgiu umaoportunidade, me chamaram para trabalhar e eu acabei ficando.
O senhor ingressou na faculdade por que gostou da profissão ou por já estar no meio?
Entrei na faculdade na marra, mas não me arrependo. Morava em Apucarana, já tinha 10 anos de profissão e naquela época não havia fiscalização, controle da regulamentação da profissão. Quando começou essa fiscalização eu já era chefe de jornalismo da TV Tibagi e precisava assinar como responsável, porém não tinha diploma e não podia assinar. Então, o Hiram de Holanda, que era diretor de programação, mexeu nos meus horários e me obrigou a ir para Londrina fazer o curso de Jornalismo. Eu fui na marra, não queria. Era difícil porque eu morava em Apucarana e tinha de fazer faculdade em Londrina. Quando eu entrei na profissão não tinha consciência, era uma coisa como qualquer trabalho. Só decidi ser jornalista mesmo, para valer, quando eu comecei a faculdade e depois que saí dela. Aí eu tomei gosto pela coisa.
O senhor fez faculdade em três anos e meio, sendo que o normal eram quatro. Por quê?
Antigamente você fazia créditos. Como eu morava em Apucarana, estudava em Londrina e tinha alguns horários vagos na minha grade, comecei a adiantar disciplinas. Então, depois de três anos e meio de curso eu já tinha concluído a faculdade.
E quando terminou a faculdade quais eram as suas ambições na profissão?
Não imaginava chegar a lugar nenhum e acho que não cheguei a nada. Eu acho que não é o emprego que te faz profissional. Eu nunca fiz plano de carreira e também não tenho objetivos nesse sentido. A minha preocupação sempre foi fazer bem o que estava fazendo, o resto é conseqüência. Uma vez li uma frase bem interessante em um pára-choque de caminhão que dizia: "a felicidade não está no destino, está no caminho".
Qual foi a entrevista mais difícil que o senhor já fez?
Acho que a entrevista mais difícil que eu já fiz foi a de pedir emprego. Pois desde 72 eu ocupo cargos de chefia, então, eu não faço entrevistas. E, no tempo que eu fui repórter, a situação era bem diferente da de hoje, então, eu nunca tive dificuldade.
De 1984 a 1992 o senhor trabalhou na "TV Globo", no Rio de Janeiro. Qual o cargo que ocupou e como foi essa experiência?
Em 84 eu fui para a "TV Globo", do Rio, para trabalhar no CPN, o Centro de Produção de Notícias, todos os telejornais diários da rede e o Núcleo de Reportagens Especiais, que produzia o Fantástico e o Globo Repórter. Quando saí de lá estava chefiando esse grupo. Eu aprendi muito. Tecnicamente é a mesma coisa, o processo é o mesmo, o jornalismo é o mesmo. O que muda um pouco é a dimensão. Se você faz jornalismo em Maringá a sua cabeça começa no fim da picada e termina na Vila Nova. Quando você faz um jornalismo estadual, como é o caso de hoje, você sempre pensa no Paraná. No Rio você tem de pensar em termos de Brasil. É aquele exercício diário de avaliar o que é mais importante: o massacre de índios na Amazônia ou a greve de metalúrgicos em São Paulo? Qual cabe no jornal? Qual mexe com mais gente? Qual tem mais influência na vida nacional? E é um exercício diário que representa muito na vida da gente.