Grande Walmor!
Por que você vai embora tão cedo, se viver não é preciso, preciso não é necessário, morrer já não se morre, fica-se encantado.
Perde o Jornalismo, a Literatura, o Poeta, o Conselheiro e Amigo, Walmor Marcelino.
José Aparecido Fiori
3. Tarquinio Diz:
25 set 2009 - 15:46
acabei de acessar o site da Assembleia: nem uma mísera linha sobre a morte do Walmor, que foi funcionário da Casa.
a quem interessar possa, segue abaixo a matéria publicada no site do governo do Estado:
Morreu nesta sexta-feira (25), aos 79 anos, o poeta, escritor e jornalista Walmor Marcellino. Militante contra a ditadura militar nas décadas de 70 e 80, Marcelino estava internado na Santa Casa de Misericórdia de Curitiba com problemas renais e cardíacos. “Walmor Marcelino foi um militante persistente, que nunca se desviou de seu caminho. Alguns o chamavam de fundamentalista, mas eu sempre entendi suas atitudes como integridade”, afirmou o governador Roberto Requião.
Marcellino será velado a partir das 15h desta sexta-feira (25) na capela 3 do Cemitério Municipal de Curitiba, no bairro São Francisco. Seu corpo será cremado sábado (26), às 9h. Ele foi casado duas vezes e teve quatro filhos, um deles já falecido. Nascido em Araranguá (SC), em 1930, morou em Florianópolis, Porto Alegre e fixou residência em Curitiba. Escritor com forte atuação política, publicou mais de 30 livros, entre poesia, ficção e textos de opinião.
Na década de 70, participou do Centro Popular de Cultura em Curitiba, e de grupos de teatro da UFPR, sempre em oposição à ditadura militar. Preso político, nunca se furtou da crítica ao governo militar e das suas posições políticas. “Era um homem de extrema coragem e todos que lutaram pela democracia sabem o papel que teve este grande intelectual”, afirmou o advogado Geraldo Serathiuk, que o conheceu na década de 70, na Casa do Estudante.
“Ele foi um dos responsáveis pela reorganização do movimento estudantil e sindical durante a ditadura militar e um grande orientador para minha geração”, contou Serathiuk. Marcellino trabalhou em diversos órgãos de comunicação, entre eles a Gazeta do Povo e o jornal Última Hora, e também na Assembleia Legislativa do Paraná e no Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE).
“Ele era um dramaturgo, repórter policial de alto nível e um líder da resistência durante a ditadura militar”, afirmou o jornalista Cícero Cattani, que contou que conviveu com Walmor já no início da década de 60, na redação do jornal Última Hora. “Apenas quem conviveu com ele sabe mensurar esta perda”, disse.
PROFESSOR – Segundo Cattani, uma das grandes qualidades de Walmor era a de transformar a redação em uma sala de aula. “Era um intelectual e um verdadeiro professor de jornalismo. O Paraná perde um dos seus maiores valores.”
O jornalista Luiz Geraldo Mazza, destacou a militância, tanto política quanto cultural de Walmor. “Ele foi uma pessoa de firmeza e caráter, guerreiro que participou dos movimentos importantes do nosso Estado, e um dos grandes desencadeadores do desenvolvimento cultural”, contou.
De acordo com o poeta e escritor Ewaldo Schleder, que publicou um livro a quatro mãos com Marcellino, destacou a responsabilidade do colega, mesmo com quem criticava. “Sempre polêmico, mesmo assim nunca fez uma crítica não embasada, por isso, era respeitado mesmo por aqueles que tinham posições contrárias”, afirmou.
O procurador-geral do Estado, Carlos Marés, era presidente do movimento estudantil e Walmor, um intelectual ligado aos estudantes, quando se conheceram. “Era muito respeitado, ele dirigia o Teatro do Estudante Universitário e eu ajudava na contra-regra. Era um grupo chamado de engajado, contra a ditadura e contra o capitalismo. Walmor teve uma vida muito coerente nas suas idéias e no modo de agir, isso só se vê no fim da vida.”
O jornalista Nego Pessoa comentou que as diferenças políticas entre os dois eram enormes. “Mas a nossa amizade era justamente pela ligação com a arte. Walmor era um grande conhecedor de poesia e amante do jazz”, contou. Nego Pessoa destacou os livros de poesia do amigo, segundo ele, a melhor produção de Marcellino.
O advogado Edésio Passos também conheceu Walmor na década de 60. “Era de um caráter sensacional, grande jornalista e um dos mais importantes escritores paranaenses. Autêntico e também um teatrólogo sensacional, atuou contra a ditadura militar de maneira ímpar. Ele é uma pessoa que vai ficar inscrita na nossa história”, disse.