Amadeu Geara, político e advogado, lembrou que Walmor foi um dos colaboradores na organização do MDB no Paraná. “Nunca dizia uma palavra de agrado que não fosse sincera, muito menos fazia uma crítica que não fosse fundamentada. Foi o pensador que nos auxiliou, na formação dos quadros do partido.”
4. JOSILIANO DE MELLO MURBACH Diz:
25 set 2009 - 22:36
Convivi o bastante com Walmor Marcelino pra saber do seu imenso talento e da sua capacidade de sintetizar os sentimentos de um momento. De 1988 a 1994 foram inúmeros encontros. Conversar com ele, debater idéias, nos enriquecia a cada minuto.
Mas não quero manifestar apenas a gratidão ao grande companheiro de Imprensa, mestre e amigo.
Quero lembrar que a militância dele foi vital para a história do Paraná, que ele ajudou a escrever com as tintas fortes do sacrifício pessoal.
A ele, o meu reconhecimento e aos seus amigos e parentes a certeza de que deixou um dos mais preciosos legados de honra, paixão e fé em tudo que fez.
Josiliano de Mello Murbach
Jornalista
5. nelson sabbagh Diz:
26 set 2009 - 05:42
A intelectualidade de esquerda de Curitiba perdeu seu
único representante.
E agora, quem dirá ” No pasarán ” ?
Comentários para “A luz de Walmor Marcelino”
1. ISSAC Diz:
25 set 2009 - 12:08
Zé, guardo com muito carinho todos os livros autografados pelo Walmor Marcelino.
Tive o privilégio de conhecê-lo na redação do jornal “Ultima Hora”, no início dos anos 60, no térreo do edificio Asa.
Tem razão: hoje, todos ficamos mais pobres.
Saudades!
2. Parreiras Rodrigues Diz:
25 set 2009 - 19:57
É, o quadro político e cultural paranaense que já não é tão vistoso, esmaeceu-se mais ainda. Em menos de dez dias, apagaram-se as tintas de, primeiro, Mussi, agora Walmor, com quem cinco minutos de prosa valiam mais que ano inteiro de faculdade de filosofia, de sociologia.
Walmor Marcelino
Walmor Marcelino não tinha parada. Nos últimos tempos, quando encontrava um conhecido, tirava do bolso um CD com o primeiro capítulo de seu mais novo livro, Ulciscor, obra híbrida em que misturava política, cultura e memórias dignas de um Cavaleiro da Espe¬rança. Houvesse interesse, dizia, que lhe mandassem um e-mail pedindo as demais páginas, ao custo módico de R$ 20. Deve ter sido sua única licença ao capitalismo. Walmor publicou cerca de 30 livros. Um deles, Tempo de fezes e traição, saiu nas rebarbas do golpe de 64. Logo atrás, lançou Sete de amor e violência, no qual retratou a amargura daqueles tempos. Chegou a ter uma editora própria, na qual deu a tantos a alegria do livro publicado. Perdeu dinheiro. Também se aventurou pela poesia e pelo teatro. Era do tipo que não negava uma palavra. É impossível saber quantos jovens se decidiram pelo jornalismo ao ouvi-lo ou ao saber de suas andanças como militante de esquerda. Nossa vida ficava pálida diante da dele. Foi um comunista convicto, do tipo que não perdeu a ternura, apesar dos trens que o atropelaram. No auge dos anos de chumbo, trabalhou anônimo numa funilaria no final da Av. Mateus Leme, seu disfarce para não ter apartes com o pau-de-arara. Não se pode dizer que se safou de todas as torturas das quais desviou. Perdeu empregos na imprensa, seu ganha-pão. Era sempre citado entredentes como “Walmor, o comunista.” Valêncio Xavier, ao dirigir o documentário Os 11 de Curitiba, sobre a ditadura militar, não se esqueceu do velho timoneiro. Aquela história era, sobretudo, dele. Así pasan los días. Chuva ou sol, Walmor só não deixou a rua, seu espaço de guerrilha. Era possível vê-lo na XV, nos cafés, em conversa pelas esquinas do Centro, sempre em colóquios apaixonados, pois um sujeito crente na transformação do mundo não tem direito a descanso. Trajado de jaqueta parda, botinas e sem abrir mão do cavanhaque, parecia não envelhecer. Fumava cigarros de palha. Quem teve a sorte de levar o primeiro capítulo de Ulciscor, encontrou na epígrafe uma pista sobre tamanha juventude: “Não tenho todo o tempo do mundo, mas quanto é esse tempo?”(Seth Báratro) Deixa mulher e três filhos.